MEMÓRIA DA CAMINHADA DA
PASTORAL DA JUVENTUDE
O que a
memória amou ficou eterno
Adélia Prado
Recordar e resgatar a história da Pastoral da
Juventude Nacional (PJ) é um ato maravilhoso de rever lugares, pessoas, olhos e
sorrisos de milhares de jovens que foram se tornando protagonistas por causa do
projeto de Jesus Cristo. É um pequeno aperitivo desta ação que fez a Igreja do
Brasil mais comprometida e engajada na construção dos sinais de vida.
A história da Pastoral da Juventude começa pelos
anos 70 ou, até, com a Ação Católica Especializada (JAC, JEC, JOC, JUC), nos
anos 60. Não podemos negar que aprendemos muito da Ação Católica, da Teologia
da Libertação, da Pedagogia do Oprimido.
No final da década de 70 e no início dos anos 80 a
Igreja vivia um período de grandes expectativas, pois Medellín e Puebla
trouxeram novos ares para a ação pastoral com a opção concreta pelos pobres e
pelos jovens. Esta opção possibilitou ampliar o trabalho que vinha sendo
desenvolvido com a juventude em movimento, para a construção de uma proposta
mais orgânica.
As dioceses passaram, então, a organizar a
evangelização dos jovens em pequenos grupos (entre 12 a 25 jovens) e, para
melhor acompanhar a organização e formação dos jovens, iniciou-se a articulação
de encontros nacionais com o propósito de melhorar a comunicação e proporcionar
o intercâmbio e a sistematização de experiências.
A PJ, no seu todo, foi valorizando e incluindo em
sua caminhada novas experiências de trabalho com a juventude a partir de seu
meio específico: juventude rural, juventude estudantil, juventude universitária
e juventude dos meios populares – o que lhe foi exigindo uma nova forma de se
articular e se organizar.
Os encontros e assembleias tornaram-se momentos
ricos de refletir sobre o acompanhamento dos jovens para a vida em grupo. Aí a
Pastoral da Juventude iniciava seus famosos Seminários para Assessores, que
serviram como laboratório e espaços de reflexões importantes como: o Processo
de Formação na Fé, a Metodologia de Trabalho com Jovens, o mundo do trabalho, a
cultura, as Políticas Públicas de Juventude, o Planejamento da Ação Pastoral, a
Missão, e tantas outras discussões.
A Pastoral da Juventude (PJ) realizava seu
planejamento e deliberação (definindo Planos de Ação, organização interna.
etc.) nas Assembleias Nacionais da Pastoral da Juventude. A partir da 11ª ANPJ (Assembleia Nacional da
Pastoral da Juventude), contudo, em 1995, surgiu a PJB (Pastoral da Juventude
do Brasil), uma organização onde as
quatro pastorais de juventude: Pastoral da Juventude(PJ), Pastoral da Juventude
do Meio Popular (PJMP), Pastoral da Juventude Estudantil(PJE), e Pastoral da
Juventude Rural(PJR) reivindicavam
participação paritária – o que trouxe muitos questionamentos para a PJ
como tal. A Assembleia da PJB não era mais a Assembleia da PJ. Essas datas são marcantes, pois, a partir
dela, a PJ não concentra mais sua articulação no espaço da Pastoral da
Juventude do Brasil – PJB – mas decide fazer um caminho de reflexão que vai
culminar em um novo modelo de organização própria, sem deixar de pertencer ao
todo.
Ao incorporar novas formas de se organizar, trouxe
também momentos de conflitos e crises que possibilitou abrir a discussão sobre
o melhor espaço e metodologia de se chegar até os adolescentes e jovens. Para a
organização interna da PJ essas mudanças causaram principalmente dois
problemas: 1 - A PJ não tinha mais um espaço próprio de deliberação e
planejamento em que pudesse discutir sua articulação nacional interna e seus
desafios específicos. 2 - A participação da PJ nestas Assembleias ficou
reduzida, pois esta se dá de forma paritária, ou seja, com vagas distribuídas
igualmente entre as pastorais e não por regionais como antes. Isso provocou um
distanciamento muito grande das dioceses com a instância nacional.
Até a 10ª Assembleia Nacional da PJ, em Vitória,
cada pastoral específica (menos a PJ como tal) tinha sua organização própria
com possibilidade maior de assimilar outra estrutura organizativa para a PJ do
Brasil. A PJ, no entanto, ainda não
tinha sua organização própria. Os
delegados da 10ª, que representavam o que ali era chamado de PJ Geral, perceberam
que, para avançar com segurança, era preciso dar tempo para que essa
articulação de PJ pudesse se
organizar. Sentiu-se a necessidade e a
importância de um espaço de reflexão e entreajuda para os jovens da PJ, para
repensar uma organização própria. Por certo tempo a PJ ficou um pouco perdida,
pressionada a se tornar uma específica e criar uma estrutura própria. Este
período foi, também, de intensa produção de cartas, textos e materiais de
estudo sobre a identidade (sigla), missão, especificidade.
É nesse contexto que começaram os Encontros
Nacionais da PJ, sem a participação da PJR, da PJE e da PJMP. Os três primeiros
encontros nacionais aconteceram em clima um tanto tenso, de angústia, de luta e
de esperança, mas que se foi aclarando com o decorrer da caminhada. Tratava-se
de uma busca de identidade e de inserção na caminhada de conjunto das outras
pastorais de juventude.
Nesta caminhada a Pastoral da Juventude celebra e
reconhece o apoio, a presença e o acompanhamento que a organização recebeu ao
longo do tempo. Merece destaque aqui a presença efetiva da organização da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, no Setor Juventude, seja através dos
bispos acompanhantes das PJs ou dos assessores e assessores.
Junto a essa presença e apoio, figura-se com muita
importância os centros e institutos de Juventude, que através da Formação,
Assessoria e Pesquisa, sempre se colocaram como estrutura de apoio à
organização das Pastorais da Juventude.
Fonte: Pastoral da Juventude: um jeito de ser e fazer.